Cultura Crowd: a sociedade conectada em rede

Cultura Crowd: a sociedade conectada em rede

Você já deve ter esbarrado nessa palavra mais vezes do que consegue contar. Para quem está antenado nos movimentos que vêm surgindo nos últimos tempos, é como se sempre que a gente virasse a esquina, um “crowd” aparecesse em algum lugar. Crowdfunding, crowdlearning, crowdsourcing… parece até que tudo está virando “crowd”.

Crowd o quê?

Há quem pense que é uma tendência do momento, ou alguma linguagem que essa geração maluca inventou para “dar uma cara nova” para as coisas. Mas é muito mais do que isso. É muito maior do que isso.

A palavra “crowd” pode significar muita coisa: multidão, público, plateia ou então — quando usado como verbo no inglês — pode ganhar o sentido de “ocupar”. Enfim, são muitas definições. Mas, de um jeito ou de outro, podemos dizer que “crowd” é isso: um monte de pessoas juntas unindo forças para ocupar seu próprio lugar.

Só que, antes que você pense que essa definição se limita apenas a espaços físicos, a gente vai te parar por aí. Porque ser “crowd” também é estar presente em lugares que seus pés ainda não podem alcançar.

Mas isso não é novidade para nenhum de nós. Afinal, as pessoas se unem para fazer coisas juntas desde que a humanidade é humanidade. O que mudou — e muito — nos últimos tempos foi o escopo e a escala dessa colaboração.

E a internet foi o que permitiu que este cenário fosse possível.

Somos uma nova sociedade conectada em rede.

A definição e o significado do que entendemos como comunidade foi reinventada.

Estamos resgatando nosso poder de construir novos mundos e novas realidades a partir da inteligência coletiva. E descobrimos uma maneira de usar esse poder para colaborar na construção de novas comunidades.

Por todos os cantos do mundo, pessoas estão colaborando, fazendo trocas, compartilhando recursos, serviços, e até dinheiro.

É isso mesmo que você leu: dinheiro.

Falando assim parece impossível, mas é exatamente o que está acontecendo por aí. Pessoas estão se unindo por meio de financiamentos coletivos para investir em projetos e iniciativas independentes que conversam com seus interesses e propósitos.

Aos poucos, está se tornando cada vez mais comum ver desconhecidos compartilhando recursos entre si. O que começou com aluguéis de carros, acabou com estranhos se hospedando em nossos sofás.

É o renascimento das redes pessoais.

Saímos das telas dos celulares para criar novas realidades. Novas formas de pensar, produzir e consumir, cada vez mais voltadas para as pessoas, o coletivo, a natureza e o futuro.

E isso tudo é mais do que somente uma corrente de pensamento.

É uma corrente de pessoas.

Uma conexão de força e movimento, que desperta em nós um novo senso de coletividade e pertencimento, nos fazendo caminhar da cultura do “eu” para a cultura do “nós”.

Ser “crowd” se tornou mais do que fazer parte de algo. É estar conectado a um todo.

Você, seu vizinho, a moça que cuida do seu cachorro, o intercambista brasileiro que está fazendo um mochilão no Chile, e o garoto de doze anos que construiu um robô de papelão — todos nós — somos essa corrente.

Todos somos parte de uma mesma conexão que está sendo redescoberta.

Somos o coletivo tentando reencontrar a si mesmo. E nada pode ser tão transformador quanto uma multidão reconhecendo seu poder.